sábado, 4 de outubro de 2008

minhas cachorras


Hoje é o dia do cachorro.
Um dia para se lembrar de nossos animais.
Um dia para se lembrar de nossos companheiros.
Um dia para se lembrar de nossos amigos.
Resolvi, portanto, que hoje é o dia perfeito para contar-lhes minha história de amor com o cachorros. Uma história bonita, recheada de amor, carinho, mas também de saudade.
Então aí vai, mais um capítulo da vida de Girl, the blog writer, que espera que assim todos passem a conhece-la melhor:

Tudo começou quando eu tinha três anos e era aquela coisinha fofa que só uma criança consegue ser. Tinha o hábito de passear com a minha mãe pelo bairro e um de nossos destinos prediletos era a Praça Vilaboim. Lá é um lugar gostoso, com várias árvores, bancos e principalmente cachorros.
Também possui muitas estátuas e um parquinho, que apesar de hoje estar para lá de decadente, naquela época era razoável.
E eu ficava no parquinho, me balançando e escorregando em alguns escorragadores que haviam por lá.
Um dia, porém, quando eu e minha mãe chegamos no Parque alguma coisa estava diferente. Muitas pessoas estavam amontoadas ao redor de alguma coisa no chão.
Talvez vocês estejam pensando: "Fala sério, a menina tinha três anos!", mas sim, eu me lembro exatamente deste dia.
Bom, acontece que chegamos na rodinha e lá no meio estavam dois cachorrinhos: um era macho e marrom e o outro era fêmea e preto.
E eu, como toda boa criança, comecei a pedir para pegar um dos dois.
Aparentemente, os animais tinham sido abandonados ali, com outros dois que já haviam sido levados.
E no final, minha mãe acabou pegando a fêmea, com a crença de que era uma labrador, sendo que o macho foi pego por um outro casal com filhos.
Lembro-me de como a fêmea era pequena, vindo para casa empoleirada na pochete da minha mãe.
Com certeza era uma recém-nascida que batizei de Kiara, em homenagem à do "Rei Leão".
Mas minha mãe não topou criá-la em apartamento, queria levá-la para a chácara que tínhamos em Ibiúna, no interior de São Paulo.
Meu pai discordou, queria levá-la para lá, mas achava que era muito pequena.
Foi proposto então, um meio termo.
Kiara foi levada para a casa da minha avó, onde foi alimentada e cuidada, para que quando ficasse mais velha fosse levada para a chácara.
Infelizmente, a "labrador" nos decepcionou.
Cresceu, é claro, mas não tanto quanto o esperado, suas orelhas levantaram e o rosto afinou.
Acabou se provando que era uma SRD legítima, vira-lata pura, daquelas que não dá para definir um única racinha da qual foi descendente.
Porém Kiara havia caído em nossas graças.
E além disso não era de todo feia.
Pretinha, ficou com peito branco e também com as quatro patas, parecendo estar de luvas.
E seu porte sempre foi bonito, apesar de toda "vira-latagem".
Levamo-a, então, para a chácara, onde viveu bem com nosso caseiro.
Corria e se divertia muito e quando íamos vê-la, fazia festa.
Em 2003, porém, nova reviravolta ocorreu.
Deixamos de ir tanto para a chácara e compramos um terreno em Peruíbe, no litoral sul de São Paulo.
Kiara convivia agora com uma porção de placas de "vende-se" e "aluga-se", enquanto em Peruíbe uma casa e piscina muito maiores eram levantados em um terreno muito mais largo.
Decidimos então, adquirir uma nova cachorra, pois apesar de pretender levar Kiara para a praia, após a casa estar pronta, achávamos que uma companhia não iria lhe fazer mal.
Dessa vez pesquisamos bastante e fomos em canis renomados até comprarmos Estrela, uma braco alemão com pedigree filha de um famoso campeão, Apolo.
Enquanto era pequena e casa ainda não estava pronta Estrela seguiu a mesma receita de Kiara, passando um tempo na casa dos meus avós.
Porém ela era diferente.
Nunca foi uma lady como Kiara.
Comia os móveis, fazia verdadeiros escândalos e à noite chorava muito.
A solução foi uma: a coitada foi levada para um hotel canino em Cotia que na verdade nada mais era que um "reformatório".
Durante um mês ela permanceu lá.
Com certeza fez efeito.
Até hoje ela é meio agitada, porém obedece comandos e se tornou muita mais calma.
Mas não foi isso que nos surpreendeu.
Um dos rapazes que cuidaram dela durante este tempo, falaram que companhia para ela não faria mal.
E não uma companhia como a de Kiara que era pequena e já estava meio velha, tinha se tornado um pouco estressada e nem um pouco a fim de brincadeiras: o que Estrela precisava era de uma cachorra do mesmo tamanho que ela, para que ela pudesse interagir e brincar.
Meu pai e minha mãe ficaram de pensar.
E acabaram decidindo que não iriam comprar outra.
Em vez disso ligaram para a dona do canil que nos vendera a Estrela e pediram que, se algum cachorro estivesse para doar, que nos avisassem.
Enquanto isso Estrela foi levada à chácara até que a casa ficasse pronta, onde se deu super bem com Kiara.
Finalmente a casa ficou pronta.
Ambas foram postas dentro do carro e levadas do interior ao litoral, que realmente apreciaram.
Mas aos poucos percebemos o que o rapaz queria dizer.
Estrela necessitava de companhia a mais do que Kiara, elas se gostavam e brincavam, até, porém a primeira tinha muito mais energia do que a segunda.
Foi após percebermos esta situação que a dona do canil ligou dizendo que havia sim, uma cachorra para doar.
Era uma Pointer Inglês de três meses que tinha uma problema de mandíbula.
Além disso era infértil.
Topamos na hora.
Mas de novo essa não era uma cachorra normal.
O renomado canil havia a maltratado muito provavelmente por sua falta de valor.
Assim sempre foi submissa, abaixando a cabeça e virando a barriga ao menor movimento e nunca andou de guia.
Por algum motivo, podia ficar parada na mesma posição o dia inteiro quando esta era colocada.
Esta foi levada diretamente à chácara onde ficou dois meses. Foi chamada Nala.
Então a transferimos a praia onde se socializou com Kiara e Estrela.
Por algum motivo o relacionamento das três nunca foi uma maravilha.
Estrela havia se estabelecido com chefe da matilha e Kiara aceitava isto, mas quanto Nala...
Era estranho.
Era maior que Kiara, mas era mais submissa.
As vezes ocorriam rosnados.
As vezes até brigas.
E conforme o tempo passava Nala foi virando o nosso xodó.
Estrela era dependende, é claro, mas sempre foi mais agitada, correndo sem motivo e caçando um caxinguelê que vivia desafiando-a.
Já Nala não.
Sempre submissa estava sempre a procura de um carinho, de um agrado, de um cafuné.
E quanto mais gostávamos dela, mas confiante ela parecia estar.
Não conosco, nem com Estrela, mas com Kiara.
A velinha podia ser esquentada mas era menor que ela.
E o clima azedou de vez.
Um dia aconteceu a primeira briga tripla.
Metade da orelha de Kiara se foi nessa daí.
Outro dia ocorreu outra briga tripla, desta vez por um pedaço de frango furtado pelas três
E nesta ficou provado que Nala realmente não era boa de briga.
A coitada foi completamente mordida de modo que quase morreu.
Porém sobreviveu e mais uma vez voltou para a praia o clima mais azedo que nunca.
O fim desta história se deu no dia 6 de dezembro de 2007.
Por um motivo desconhecido a terceira briga tripla aconteceu.
E nessa ocorreu uma vítima.
Nala, nosso xodó, se foi, com apenas três anos.
Chegou a ir até a clínica, ser tratada e dormir a noite inteira.
Mas a briga foi enorme e ela tinha uma hemorragia interna.
Assim ela partiu e deixou um grande buraco em meu coração.
Foi a primeira grande perda que vivi e torço para que tenha sido a última.
Sei que não será.
Sei que algum dia todos morrem.
Mas é uma sensação horrível que espero nunca mais sentir de novo.
Depois disso o clima entre Estrela e Kiara voltou ao normal.
Castramos Kiara, pois ela tinha chance de desenvolver câncer de mama.
Estrela se transformou em uma cachorra muito mais dependente de nós.
Por um tempo eu cheguei a culpar as duas, principalmente Kiara, pela morte da Nala.
Mas então percebi que é se motivo.
Elas não tem culpa, elas não são racionais.
E a Nala realmente desequilibrava a matilha.
Mas hoje foi um dia de sentir falta dela e chorar encostada no travesseiro.
Saber que nunca vou abraçá-la de novo.
Que nunca vou sentir aquele pelinho macio.
Mas ainda tenho as outras duas que amo de mais.
E isso compensa de certa forma.
Não compensa completamente, é claro.
Cada pessoa é única, cada cachorro é único.
Mas ainda assim compensa.
Pois eu sei que elas me amam e que eu amo elas.
E elas estarão para sempre em meu coração.


"Cachorro é o melhor amigo do homem, porque cachorro retribui seu amor. Não importa o que você tenha feito, mas ele sempre vai estar ali do teu lado"

Não sei onde ouvi, nem quem falou mas é uma verdade inegável

PS- As fotos colocadas neste post são verdadeiras: de Kiara, Estrela e Nala. Você consegue descobrir quem é quem?

Nenhum comentário: